quinta-feira, 6 de junho de 2013

Noturno


 
 
O sorriso que tua boca cheia de dentes abre
Esconde a carne podre de que é feito o teu ser.
E os dentes não são dentes. Chegai mais perto:
São presas afiadas como gumes.
Gestos, carícias, abraços e palavras
Emanam de ti com o mesmo horror fétido de tua alma.
Aliás, palavras são o que te falta,
Ou, mesmo tendo-as, não as quer ofertar
Pois preferes o silêncio
                                   sonso
                                           sem-sal
O silêncio que não te traga
à luz das verdades,
deixando-te, ser, recôndito na sombra
do canto escuro dum quarto
E é lá que queres estar!
Bem ao canto
Com tuas máscaras
Teus flagelos
 
E o crepúsculo permanente de si mesmo.