terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Para o epitáfio da mulher vencida


 

A mulher prática venceu!
Em preto e branco,
guiada pelo relógio de pulso,
de salto,
de bolsa de couro pendendo do antebraço,
apressada logo de manhã para ir trabalhar.

É essa mulher que avisava,
há algum tempo,
que estava a caminho,
que viria para vencer,
e venceu a mulher que eu tinha.

Foi essa mulher prática que entrou
daquela vez fatídica,
batendo a porta da frente,
louca por um banho
para esticar as pernas
e reclamar do dia cinza.

Foi ela que quebrou os porta-retratos
da sala.

Que preferiu dormir
a fazer vigília pelas estrelas.

Foi ela que venceu tudo.
Ela sem ritmo, sem sentido, sem brilho
Venceu a mulher de música,
luar e sentimento,
que Vinícius me deu.

Foi essa mulher prática,
foi ela que não me atendeu ao telefone
Naquele dia.
Naquele dia eu queria mandar flores.

Mas a minha mulher,
aquela que foi vencida,
já não estava lá para recebê-las.

O buquê voltou para sempre
e hoje eu o ofereço ao pé deste epitáfio...


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Chamego de bailado

 
 
Ei, menina do bailado,
Cola em mim nesse xaxado
Engoda a perna, troca o passo
Eita, menina, que eu te levo no braço
Eita, menina, me leva no teu cheiro
Dá, dá, dá
Dá ligeiro bem de manso
Um beijo no meu peito
Não te esqueces que te quero
A noite toda, o dia inteiro
Cola em mim pro suor escorrer
Cola, que é pro tempo não perder
Fica assim, bem desse jeito,
A noite toda, o dia inteiro.

sábado, 31 de maio de 2014

A presa


Morena, morena louca
de dente nervoso,
de coxas e de força,
mostra-me teu olho
de tigre moça,
fere-me o dorso
e esmaga-me a boca
na efusão do gozo.