Em preto e branco,
guiada pelo relógio de pulso,
de salto,
de bolsa de couro pendendo do antebraço,
apressada logo de manhã para ir trabalhar.
É essa mulher que
avisava,
há algum tempo,que estava a caminho,
que viria para vencer,
e venceu a mulher que eu tinha.
Foi essa mulher
prática que entrou
daquela vez
fatídica,batendo a porta da frente,
louca por um banho
para esticar as pernas
e reclamar do dia cinza.
Foi ela que quebrou
os porta-retratos
da sala.
Que preferiu dormir
a fazer vigília
pelas estrelas.
Foi ela que venceu
tudo.
Ela sem ritmo, sem
sentido, sem brilhoVenceu a mulher de música,
luar e sentimento,
que Vinícius me deu.
Foi essa mulher
prática,
foi ela que não me
atendeu ao telefoneNaquele dia.
Naquele dia eu queria mandar flores.
Mas a minha mulher,
aquela que foi
vencida,já não estava lá para recebê-las.
O buquê voltou para
sempre
e hoje eu o ofereço
ao pé deste epitáfio...